José Dirceu , ministro mais poderoso na primeira gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), está concluindo sua política de reabilitação iniciada há um ano e se apresenta para exercer papel crucial na tentativa de “salvar” o PT de derrotas nas urnas em 2024 e 2026. Com aval de Lula, o ex-chefe da Casa Civil vem agitado como uma espécie de conselheiro do partido que fundou e presidiu, cobrando nova postura dos correligionários diante das mudanças no cenário. Mais de uma vez, ele alertou sobre o risco de a esquerda levar um “tranco da direita” e sobre a crescente influência dos evangélicos no jogo eleitoral. Nessa função de estrategista, o ex-ministro disputa às claras a liderança da legenda com sua presidente atual, a deputada Gleisi Hoffmann (PR).
Aos 77 anos, o plano de José Dirceu é reassumir o papel de indutor de grandes decisões partidárias, atuando, mesmo que sem carga na legenda, como ator influente nos bastidores, seguindo o modelo executado por anos e que atingiu o auge entre 2003 e 2005 , quando integrou o núcleo palaciano do primeiro mandato de Lula. Duas décadas depois, ele retomou a rotina de eventos públicos e reuniões internas do PT e até testou a volta aos holofotes, dos quais se retiraram após as condenações no escândalo do Mensalão e na Operação Lava Jato.
Com o partido sob o domínio absoluto de Lula e sem hesitação em negociar com adversários, Dirceu ainda personifica a busca pela conquista e preservação do poder sem se importar com os meios adotados.
Para especialistas, a ressurgência de Dirceu ocorre quando o PT parece voltar à encruzilhada enfrentada antes da campanha vitoriosa de 2002, na qual precisou escolher entre ser a locomotiva da esquerda ou servir como duradora porta de entrada para a Presidência da República , inclusive abrigando forças fortes. Para agravar esse dilema, o Congresso ampliou o controle sobre as pautas legislativas e as verbas federais, garantindo maior independência em relação ao governo. Tal como fez no passado, o também ex-deputado Dirceu está disposto a enfrentar esses desafios e encabeçar uma revisão da cartilha programática do partido, jogando com as cartas sobre a mesa para garantir a continuidade do partido no centro das decisões nacionais
Por Gazeta do Povo











