O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira 11 a anulação do leilão para compra de 263 mil toneladas de arroz importado, realizado na última quinta-feira 6. Segundo Pretto, um novo procedimento, “mais ajustado”, será implementado para garantir a contratação de empresas qualificadas.
“Pretendemos fazer um novo leilão, talvez com outros modelos, para assegurar que vamos contratar empresas com capacidade técnica e financeira. A decisão é anular este leilão e proceder com um novo, mais ajustado, utilizando todos os mecanismos possíveis para contratar empresas capazes de entregar arroz de qualidade a preços acessíveis”, declarou Pretto no Palácio do Planalto.
Segundo o G1, a medida foi respaldada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo o ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Paulo Teixeira, Lula endossou a decisão de anulação após reunião com Pretto e o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
No leilão da semana passada, o preço médio de cada saco de 5 kg de arroz atingiu cerca de R$ 25. O portal Globo Rural informou que empresas sem histórico no mercado de cereais participaram do certame e arremataram lotes, o que levantou suspeitas sobre a capacidade dessas empresas de entregar o produto.
A decisão de importar arroz foi tomada poucos dias após o início das enchentes no Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção nacional do grão. Apesar das inundações, 80% da colheita já havia sido realizada. Em 7 de maio, o ministro Carlos Fávaro justificou a compra para evitar alta de preços devido à dificuldade de transporte do cereal para outras regiões do país. Na ocasião, ele afirmou que nenhum atacadista possuía estoques para mais de 15 dias.
O G1 afirmou ainda que Teixeira e Fávaro destacaram que a maioria das empresas participantes do leilão apresentava “fragilidades” para operar com volumes tão grandes de arroz e dinheiro. Fávaro garantiu que não houve pagamento pelo produto do leilão anulado. “Ninguém vai pagar sem que o arroz esteja aqui, entregue”, assegurou, prometendo “régua mais alta” no próximo leilão.
O novo edital será elaborado com auxílio da Controladoria-Geral da União (CGU), da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Receita Federal. O governo deseja avaliar, antes do pregão, se as empresas habilitadas possuem condições técnicas e financeiras de executar os contratos. No modelo anulado, essas informações só foram conhecidas após o pregão. “Não podemos ficar sabendo depois do leilão quem se habilitou e quem ganhou”, afirmou Fávaro.
A falta de experiência das empresas vencedoras chamou atenção no mercado. Também gerou mal-estar o fato de a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos terem intermediado parte da venda. Ambas foram criadas em 2023 por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor de Neri Geller, até esta terça secretário de Política Agrícola do governo federal.
Segundo Globo Rural, França é sócio de Marcelo Geller, filho de Neri, em uma empresa fundada em 2023. Ele também foi colega de Thiago dos Santos, atual diretor de operações e abastecimento da Conab. Pretto afirmou que ainda vai avaliar a permanência de Santos no cargo.