Anualmente, o consumo de mandioca mata mais de 200 pessoas, segundo dados da OMS.
A mandioca é um dos alimentos mais resilientes do mundo por se adaptar em diversos ambientes, mas também é um dos mais mortais.
Popular no Brasil e em toda América do Sul, bem como na África e na Ásia, a mandioca está presente na dieta de mais de 700 milhões de pessoas por sua versatilidade e baixo custo. No entanto, a mandioca também é reconhecida como um dos alimentos mais mortais por ser fonte de compostos tóxicos, matando centenas de pessoas globalmente.
Devido às dificuldades na coleta de dados, os números de mortalidade não são muito precisos, mas a OMS estima que a mandioca cause mais de 200 mortes anualmente. A maioria dos casos, conforme um estudo da OMS, ocorre na África, principalmente em áreas rurais. E isso tem a ver com o preparo da mandioca.
Sem o processo meticuloso de preparação para o consumo – fermentação, limpeza e cozimento lento –, a mandioca pode ser perigosa.
Os glicosídeos cianogenéticos naturais da mandioca, sobretudo a linamarina, não são diretamente venenosos. No entanto, a ingestão desses compostos pelo organismo pode causar problemas.
O mecanismo de toxicidade é liberado quando as células da planta da mandioca são danificadas por quaisquer processos, incluindo a mastigação. Quando isso ocorre, a linamarina se decompõe por enzimas que liberam cianeto de hidrogênio, composto extremamente tóxico.
Vale ressaltar que as variedades de mandioca determinam o teor de glicosídeos cianogenéticos. As variedades de menor teor são as mandiocas-mansas, ou mandiocas-doces, aipim e macaxeira.
As mandiocas amargas ou bravas são as de alto teor, com concentrações muito maiores de compostos tóxicos, sendo, portanto, as mais mortais.
As variedades de mandiocas amargas, no entanto, são mais resilientes, contribuindo para sua presença em regiões que enfrentam grande insegurança alimentar. Por isso, a mandioca é um dos alimentos mais mortais na África do que no restante do mundo.
Na Uganda, em 2017, 20 pessoas morreram e 98 apresentaram casos de envenenamento por cianeto. Segundo o CDC, tanto as mortes quanto os casos estão diretamente relacionados ao consumo de mandioca amarga.
A tragédia ocorreu pela seca que afetou o país, gerando insegurança alimentar na comunidade, que abandonou o processo de cozimento tradicional da mandioca.
Na América do Sul, a crise econômica da Venezuela fez a população ficar mais dependente do consumo de mandioca, resultando em dezenas de mortes e na proibição da mandioca amarga no país.
Por Gizmodo