Há 80 dias preso em uma sala da Vila Militar, na zona oeste do Rio de Janeiro, o general Walter Braga Netto tem mantido uma rotina de poucas visitas e banhos de sol supervisionados, desde que foi acusado de envolvimento em um suposto plano de golpe no final do governo de Jair Bolsonaro.
Isolado e com acesso restrito a dispositivos eletrônicos, ele soube da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por meio de sua defesa e da mídia. “Ele ficou indignado com a denúncia, pois é inocente”, disse o advogado de Braga Netto, José Oliveira Lima. “Está inconformado, pois está preso com base em uma mentira.”
Braga Netto, o general de duas estrelas Mário Fernandes, três tenentes-coronéis e um policial federal são os únicos dos 34 denunciados no inquérito que permanecem presos preventivamente por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
General de quatro estrelas, Braga Netto é o de maior patente. Por causa disso, é o único a estar detido em uma sala de Estado Maior da 1ª Divisão do Exército, no Rio, que faz parte do Comando Militar do Leste, comandado por ele até 2019.
O local, um cômodo adaptado no prédio principal da Vila Militar, está equipado com TV, banheiro exclusivo, geladeira e ar-condicionado, conforme relatos de pessoas próximas ao militar. Aqueles que o visitam devem deixar seus celulares em um escaninho fora da sala.
A chegada do general, que já ocupou os cargos de Ministro da Defesa, da Casa Civil e interventor do Rio de Janeiro, resultou em um reforço de segurança no local. Braga Netto é vigiado 24 horas por dia e precisa de escolta policial do Exército durante os banhos de sol, aos quais tem direito diariamente.
As visitas são limitadas a familiares e advogados, e qualquer exceção precisa ser autorizada por Moraes. Uma das exceções foi a visita do atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, em 7 de fevereiro, onze dias antes de a PGR formalizar a denúncia.
No entanto, essa visita não foi motivada por uma questão de prestígio, mas sim por um procedimento rotineiro, como o próprio Tomás Paiva esclareceu a interlocutores. O encontro durou cerca de 15 minutos, foi protocolar e com poucas palavras.
Por Revista Oeste