Após decisão por meio de liminar, o Ministério da Educação recuou e mudou o cálculo das notas de corte usadas para as inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Com a alteração, a nota do candidato será contabilizada somente na primeira opção e não mais na segunda, como aconteceu no ano passado e no período de 6 a 9 de abril deste ano, período originalmente previsto para o sistema permanecer aberto para selecionar os ingressantes do 1º semestre de 2021.
Na prática, será retomado o formato que era adotado até 2019. A mudança ocorre após mobilização de estudantes, deputados, organizações estudantis e da Defensoria Pública da União que entraram com um pedido de liminar para ampliação do prazo de inscrições e mudança do sistema de cálculo.
Segundo especialistas, a duplicidade das notas aumenta artificialmente as notas de corte e impede que os estudantes tenham uma percepção mais real de suas chances de ingressar no curso desejado.
“No meio do processo de 2020, o MEC começou a considerar na classificação dos cursos de segunda opção aquelas pessoas que tinham nota suficiente para serem aprovadas no curso escolhido como primeira opção. Isso cria uma falsa impressão de aumento das notas de corte”, explica Mateus Prado, especialista em Enem, que atuou como um dos mobilizadores pela mudança das regras do Sisu em 2021.
Ele dá um exemplo: se o aluno A tem pontuação suficiente para ser aprovado no curso P (primeira opção) e no curso S (segunda opção) ele é computado nas duas listas. Com isso, estudantes que poderiam ter pontuação suficiente para o S, mas têm nota menor do que a do aluno A acabam sendo excluídos da lista – mesmo tendo condições de ser aprovado no curso.
“Por isso, as notas de corte foram infladas, o número de aprovados era menor do que o total de vagas e as pessoas que não entravam na lista acabavam ficando com a impressão que não tinham condições de passar e acabaram mudando de opção ou desistiram de concorrer”, complementa Prado.