O senador Ciro Nogueira (PP-PI), ex-ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, declarou em entrevista ao jornal O GLOBO que votará favorável à indicação do ministro da Justiça de Lula , Flávio Dino, caso ele tenha a indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) confirmada.
“Eu gostaria muito que o Lula não indicasse ninguém. Preferia que o Bolsonaro estivesse indicando. Mas, como ele foi eleito, foi a população que deu esse direito a ele. Então, ele tem todo o direito (de indicar o Dino). Eu votei a favor do (Cristiano) Zanin, porque ele cumpria todos os requisitos, foi muito bem na sabatina. Não tem porque eu não votar a favor de um nome, seja qualquer nome, se ele cumprir o requisito. É um direito do presidente”, disse.
O senador criticou a atuação do STF em relação a temas como descriminalização das drogas e ampliação do acesso ao aborto. Mas, segundo ele, o que “criou o problema” entre Senado e a Corte foi o marco temporal para terras indígenas.
“A forma correta não é pressionar o Supremo, mas nós votarmos essas matérias com a opinião de que quem deve legislar é o Congresso. Às vezes, tem uma situação que eu não concordo. “Ah eles legislam porque vocês não votam”. Mas nós não somos obrigados a votar aborto”, declarou.
Mesmo assim, ele se distanciou da ala bolsonarista da oposição, que pede o impeachment de ministros, principalmente Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso. “Não vejo razão para pedir impeachment de um ministro por causa de uma decisão que ele tomou. Isso é atribuição dele.”
Durante toda a entrevista, Ciro Nogueira busca se afirmar como oposição ao governo, mesmo seu partido tendo entrado na base de ministros, após a nomeação de André Fufuca para a pasta dos Esportes.
Segundo o senador, é “impossível” ocorrer uma aproximação entre ele e o governo.