Foram 18 o total falhas críticas aferidas pelo Corpo de Bombeiros em uma vistoria nas instalações do Estádio do Pacaembu, na zona sul da capital, que fizeram a Prefeitura a cancelar o show de Roberto Carlos poucas horas antes de o espetáculo acontecer, na última sexta-feira (19/4).
Rebatizada de Mercado Livre Arena Pacaembu após o processo de privatização levado à cabo em 2019, na gestão de Bruno Covas (PSDB, morto em 2021), o estádio recebeu um espaço para shows subterrâneo, que receberia o “Rei” e seus fãs nestas sexta.
O show de Roberto Carlos seria o primeiro espetáculo no local desde a privatização – a inauguração sofreu atrasos porque o espaço foi transformado em hospital de campanha durante a pandemia de Covid e ajudou a salvar a vida de milhares de pessoas.
Contudo, um laudo assinado pelo coronel dos Bombeiros Alexandre Merlin, que o Metrópoles teve acesso neste domingo (21/4), colocou em xeque a segurança do novo espaço, que precisará de ajustes para virar a casa de shows imaginada pelos novos controladores do estádio, que abriu a Copa do Mundo de 1950, a primeira sediada no Brasil.
Como o barulho dos shows incomodava os endinheirados vizinhos do estádio – o Pacaembu é um bairro residencial protegido por uma série de regras urbanísticas em São Paulo e ocupado por mansões –, a saída de um espaço subterrâneo parecia adequada para o novo espaço privatizado.
Por que Roberto Carlos foi cancelado
Mas, quando os bombeiros foram conferir a segurança dessa nova área, acharam uma lista de problemas. Veja a lista de todos eles:
- Casa de Bombas de incêndio não estava compartimentada
- Não havia dados de vazão e pressão de hidrantes e chuveiros automáticos
- O sistema de hidrantes estava despressurizado
- As bombas reservas, a diesel, não estavam instaladas
- As reservas de incêndio a diesel não estavam instaladas
- As tomada de ar não foram concluídas, ainda não estão construídas
- As compartimentações descritas em plantas não foram concluídas, estão abertas em vários pontos e, em sua maioria, foi instalada apenas uma placa de gesso acartonada
- As caixas de elevadores estão abertas, não foram instaladas e não estão compartimentadas
- Havia rotas de fuga obstruídas por andaimes instalados no piso de descarga
- A instalação da central de alarmes não foi concluída, estava em manutenção no momento da vistoria. Os técnicos informaram que estava interligado a laços dos detectores e acionadores manuais
- A instalação dos ramais de chuveiros automáticos não estava concluída
- Havia shafts abertos em todas as tubulações de hidráulica e elétrica vistoriadas
- O sistema de ventilação e extração de fumaça não foram instaladas
- O sistema de pressurização das escadas não foi instalado
- Os dutos de ventilação não estavam instalados
- As salas de pressurização não estavam compartimentadas
- As portas corta-f0go previstas em projeto não estavam instaladas
- As chaves de fluxo não estavam interligadas com a central de alarme
No documento, o coronel afirmou que, caso o show ocorresse, seria “em total revelia ao Corpo de Bombeiro”.
Neste sábado, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que cancelou o show “com dor no coração” e que queria, ele mesmo, ter comparecido à apresentação. Mas que não tinha condições de liberar o espetáculo diante de tal relatório dos bombeiros.
O Metrópoles tentou, sem sucesso, localizar representantes da Mercado Livre Arena Pacaembu para comentar o relatório do Corpo de Bombeiros. O espaço segue aberto a manifestações.
Por Metrópoles