A menina Duda tinha apenas 7 anos quando o seu pai Wesley Waila foi diagnosticado com um câncer na vesícula biliar. Após dois anos de tratamento intensivo com cirurgias, radioterapia e quimioterapia, ele foi transferido para o tratamento de cuidados paliativos.
Duda, que é diagnosticada com autismo, acompanhava o pai à distância. Ela e a mãe Alice Deleon moram na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, enquanto Weslley se tratava em Porto Alegre. A criança não tinha permissão para entrar na ala de internação e só conseguia conversar com o pai por videochamada. Até que chegou o dia de eles se despedirem.
Weslley já estava havia dois meses internado quando o hospital abriu uma exceção para a menina entrar na área de internação e eles passarem um domingo juntos. “Nesse dia, a gente conseguiu conversar com ela, compramos um presente, o Weslley cortou a unha dela, colocou ela na cama, e ela teve um bom entendimento do que estava acontecendo. A gente viu que o amor deles transcende tudo isso”, contou Alice, ao Metrópoles.
O dia da despedida, que aconteceu em 3 de setembro de 2023, foi gravado pela mãe de Duda e viralizou na internet (veja abaixo). Weslley faleceria uma semana depois, no dia 10 setembro, a cinco dias do seu aniversário de 34 anos.
🥺 Despedida de menina autista do pai com câncer viraliza
— Metrópoles (@Metropoles) December 21, 2024
Diagnosticada com autismo, menina Duda passou o dia no hospital com o pai com câncer uma semana antes de ele falecer
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Ele e Alice, hoje com 29 anos, foram casados por 10 anos e enfrentaram juntos o período de tratamento. Para a viúva, o cuidado paliativo foi o momento em que eles decidiram parar de olhar para o corpo de seu marido e passaram a entendê-lo como um ser humano. O que permitiu que ele se despedisse da filha.
Como Duda é autista, Alice conta que havia uma demanda de explicar a doença para a filha de uma forma que a menina compreendesse o que estava acontecendo e pudesse aproveitar os últimos momentos dos pais e, por isso, o dia da despedida foi fundamental.
“Ela sabia que o pai não estava bem. A gente sabia que ele teria pouco tempo, que estava chegando o fim próximo. Então a gente conseguiu fazer um especial com ela, para mostrar para ela que o pai não estaria mais lá e até hoje ela fala muito do pai”.
O falecimento de Weslley ainda é muito sentido pelas duas, principalmente com a chegada das festas de fim de ano. “É mais difícil agora do que no início, porque o sofrimento dele estava nítido, e hoje em dia a saudade aumenta mais”, lembra Alice.
Ainda assim, ela entende que aquele era o momento de Weslley partir. “Como foram dois anos de tratamento, a gente tinha noção da finitude próxima. Ele estava muito cansado e a maior dele era deixar eu e a Duda, e de não vê- la crescer. Mas ele já estava com tanta dor, e estava tão cansado, que ele não tinha mais medo do desconhecido. No final, ele estava tranquilo porque sabia que continuaria junto de nós”.
Por Metrópoles