O ex-policial militar Wendel Lagartixa disse que o sistema prisional do Rio Grande do Norte é rígido e que o tratamento para os presos está ótimo. A declaração foi dada em entrevista, nesta quarta-feira 15, ao programa Cidade 360, da rádio 94FM. Lagartixa, que foi candidato a deputado estadual, também elogiou o trabalho dos policiais penais.
O Rio Grande do Norte enfrenta uma série de ataques a prédios públicos e ônibus desde terça-feira 14. Mesmo com a chegada de agentes da Força Nacional, os crimes continuam amedrontando a população potiguar.
Questionado pelos jornalistas acerca da motivação dos ataques criminosos, Lagartixa relembrou o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre o indeferimento do registro da própria candidatura a deputado estadual. “Muito me estranha esses ataques acontecerem no dia do julgamento numa pauta a qual eu poderia voltar ao meu mandato”, começou.
“Eles estão alegando o tratamento para presos dentro dos presídios, que está ótimo, com algumas ressalvas. Há um controle muito grande dos policiais penais que fazem um excelente trabalho, inclusive sufocando o próprio crime organizado dentro das cadeias”, pontuou Lagartixa.
Ele elogiou a atual situação do sistema penitenciário. “Hoje a maior parte do sistema prisional não tem mais telefone dentro, as facções são combatidas dentro da cadeia com o isolamento de algumas lideranças. O crime sofre muito dentro do presídio”.
Lagartixa disse que já foi preso e que sentiu na “pele a rigidez do sistema penitenciário do RN”. “Pode ser que tenha uma relação entre o tratamento justo que eles recebem mas também me deixa de orelha em pé os ataques terem iniciado no dia do meu julgamento”.
Comitê Estadual diz que fez alertas aos órgãos de segurança sobre situação de presídios no RN
Órgão colegiado vinculado ao governo e com participação da sociedade civil, o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura do RN (CEPCT/RN) informou que alertava as autoridades dos Poderes Executivo e Judiciário, desde 2021, sobre a possibilidade de eventos de segurança pública como os que têm ocorrido.
Em nota divulgada nesta quinta-feira 16, o Comitê destaca que as ações criminosas só poderão ser combatidas com estratégias eficazes que identifiquem as raízes dessa problemática social. “Sem a adoção de uma política progressiva de desencarceramento e penas alternativas, o RN tem um conjunto de fatores que agravam a situação da segurança pública”, diz.
O CEPCT/RN descreve, na nota, a situação das unidades prisionais: superlotação; policiais penais insuficientes, mal remunerados e com agravos psicossociais diante do cotidiano de tensão; comprometimento na saúde física e mental em decorrência da insuficiência das equipes e do baixo atendimento de saúde; ações e práticas cotidianas e coletivas de torturas etc.
Em inspeções realizadas em novembro passado no RN, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT) presenciou marmitas com comida estragada; presos com tuberculose usados como vetor de contaminação para outros detentos; reclusão por mais de 30 dias em celas de castigo e outras torturas.
