O Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Rio Grande do Norte (Sinte-RN), que representa professores da rede pública de ensino, lançou uma nova campanha nesta semana para defender que as aulas presenciais só sejam retomadas quando os educadores forem vacinados contra a Covid-19 – o que não tem prazo para acontecer.
Em uma sequência de publicações nas redes sociais, o sindicato subiu o tom da defesa pela manutenção do home office e chamou de “hipócritas” os que defendem o retorno às aulas presenciais mas estão exercendo trabalho remoto em suas respectivas atividades.
A mensagem soou como uma crítica direta a promotores do Ministério Público Estadual que ingressaram na semana passada com uma ação na Justiça cobrando a retomada das aulas. Promotorias estão com o atendimento ao público suspenso em razão da pandemia do novo coronavírus.
A campanha foi interpretada também como um recado a cientistas que, nos últimos dias, mudaram o entendimento e passaram a recomendar ao Governo do Estado que autorize a volta às escolas. No fim de semana, o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (Lais), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), recomendou ao Governo do Estado que retome as aulas na rede pública, mesmo que de forma híbrida. Os cientistas também trabalham de forma remota.
“Dos seus trabalhos remotos, eles cobram aulas presenciais. Hipocrisia: arte de exigir dos outros aquilo que não se pratica”, diz uma das peças publicadas pelo Sinte-RN. “Já reparou? Todos os que cobram aulas presenciais fazem isso na segurança do trabalho remoto”, diz outro post.
O sindicato complementa: “Em casa, dando aulas remotas com internet e equipamentos bancados com dinheiro do próprio bolso, os profissionais da educação estão trabalhando dobrado. Mas é este o preço a ser pago para não correr o risco de morrer nas escolas durante a pandemia. Por isso, reafirmamos que as aulas presenciais só devem ser retomadas após a vacinação”.
Por causa da pandemia, as aulas presenciais na rede pública estão suspensas desde março de 2020. Estudantes têm acesso apenas ao ensino remoto, mas cerca de metade dos alunos não consegue ter acesso ao sistema online. Em setembro, o Governo do Estado autorizou as escolas particulares a retomarem o ensino presencial, mas apenas para turmas até o 5º ano do Ensino Fundamental. A alegação para a não retomada na rede pública é a falta de estrutura nas escolas para o cumprimento dos protocolos de saúde.
Por Grande Ponto