O senador Rogério Marinho (PL-RN) afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não houve qualquer planejamento de golpe por parte do governo de Jair Bolsonaro (PL) após as eleições de 2022. Ele declarou que o então presidente demonstrava preocupação com a “civilidade” na transição de governo.
“Havia uma preocupação grande de que não houvesse excessos, houvesse civilidade na transmissão do poder, do cargo. Todos nós estávamos chateados com o processo eleitoral, não esperávamos a derrota”, disse Marinho em depoimento como testemunha.
Ele foi indicado pelas defesas de Bolsonaro e do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e ex-candidato a vice-presidente.
Apesar de Bolsonaro ter feito declarações públicas contra o sistema eleitoral e ter admitido ter se reunido com militares e assessores para discutir uma possível intervenção no TSE, Marinho afirmou que viu o ex-presidente preocupado em evitar atos que prejudicassem o país.
“Para que não fosse colocado sobre ele a pecha de que queria atrapalhar a economia ou a própria mudança de comando do país”, disse o senador.
Marinho relatou ter se encontrado com Bolsonaro cerca de dez vezes após o segundo turno das eleições. Segundo ele, as conversas tratavam do futuro do partido, da avaliação do desempenho nas urnas e dos próximos passos políticos.
“O presidente o tempo todo falava a respeito da eleição do Congresso Nacional, da importância de ele ter a presença do Senado e da importância do crescimento do PL”, afirmou.
Nos encontros no Palácio da Alvorada, o senador disse ter estado com Braga Netto em apenas duas ocasiões.
Com o depoimento de Marinho, o STF encerrou a fase de audiências com as testemunhas do primeiro núcleo da investigação sobre a tentativa de golpe em 2022. Desde 19 de maio, foram ouvidas 52 testemunhas — cinco de acusação e 47 das defesas. Duas prestaram declarações por escrito. O relator também homologou 29 desistências, sendo uma da acusação e 28 das defesas.