Edivan Mendes Fernandes, 58, o Vanvan da Chapada (PSD), estava confiante de que teria, nesta eleição, uma quantidade de votos capaz de elegê-lo vereador, ou ao menos primeiro suplente do município potiguar de Apodi (a 328 km de Natal).
O que ele não contava é que um erro na hora de o partido registrar o número da urna o faria divulgar sua candidatura com o número errado durante toda a campanha. Ele ficou sem voto —e só percebeu isso ao fim da apuração.
Em vez de 55.888, como ele pediu no registro ao partido, o número oficial gerado foi 55.999. Com isso, todos os votos que foram dados no número que ele divulgou foram anulados.
“O partido pediu, e eu levei o número que queria”, diz, citando que sequer percebeu o erro na cabine. “Votei e não olhei a foto, estava aperreado; confiei no partido e no TSE.”
Para provar que o erro foi do partido, Vanvan mostra um papel em que o partido pede para os candidatos preencherem com os dados. Nele aparece o número 55.888 escrito a caneta.
Vanvan conta que, na segunda-feira (7), um amigo foi buscar na Justiça Eleitoral o resultado detalhado da votação na cidade e viu que 172 pessoas votaram no número que ele informou na campanha. Caso a votação dele fosse essa, ele seria segundo suplente do PSD.
“Eu me senti muito triste, porque o cara trabalha o tempo todinho numa candidatura, e quando é apurado não tem o voto registrado? É ruim demais. O cara anda, sofre e gasta o que não tem… Eu não sou político, sou pobre, vivo de agricultura. O partido não mandou dinheiro para campanha.”
Vanvan afirma que, esta semana, vai procurar o partido na cidade para saber se pode buscar a Justiça para tentar reaver os votos. Advogados afirmam que a possibilidade de esse “resgate” de votos ocorrer é praticamente zero.
Questionado se acredita em má-fé do partido, o agricultor diz que não. “Eu acho que houve erro, acho que se enganaram, talvez, com o número. Uma pena, sempre tirei uns votinhos na eleição; às vezes mais, às vezes menos. Estava confiante de que conseguiria, nesta eleição, ter a maior votação de todas”, diz.
Por Carlos Madeiro, UOL