Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) discutiram nos bastidores a possibilidade de decretar a prisão preventiva de Jair Bolsonaro (PL), após o anúncio do ex-presidente americano Donald Trump de sobretaxar produtos brasileiros. Trump justificou a medida citando o processo que Bolsonaro enfrenta por suposta trama golpista.
Para integrantes da corte, a ação americana pode ser interpretada como uma forma de coação ao STF. Na decisão que impôs medidas cautelares a Bolsonaro, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que as tarifas buscariam embaraçar o julgamento do ex-presidente.
Dois ministros ouvidos pela Folha sob anonimato afirmam que a tentativa de interferência externa no processo judicial seria suficiente para justificar a prisão preventiva. A avaliação, no entanto, é que isso poderia dividir a corte e gerar desgaste político. Por isso, optou-se pela imposição de tornozeleira eletrônica e outras medidas, que já receberam maioria de votos na Primeira Turma.
A apreensão de dólares na casa de Bolsonaro e o envolvimento público de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) com autoridades americanas são citados como indícios de um plano de fuga e tentativa de obstrução. Moraes destacou, em sua decisão, que Eduardo admitiu ter atuado para influenciar o governo dos EUA, o que resultou na tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — ação vista como pressão direta sobre o STF.
Na visão de ministros, a resposta do tribunal busca preservar sua autoridade sem fornecer argumento para a vitimização política de Bolsonaro. A fuga de Carla Zambelli também é lembrada como exemplo do risco de inação do Judiciário.
O governo dos EUA também decidiu, nesta sexta-feira (18), revogar os vistos de Moraes e aliados do STF, o que acirra ainda mais o cenário diplomático e institucional.
A PGR e a Polícia Federal apontam as publicações de Trump, Bolsonaro e Eduardo como provas de tentativa de interferência no Judiciário brasileiro. Moraes citou essas manifestações como “atos executórios e confissões de crimes”, ao justificar as medidas cautelares impostas ao ex-presidente.












