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Por que a ‘Cidade do Sol’ não aguenta chuva? Engenheiros explicam alagamentos em Natal

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Uma rede de drenagem antiga, uma obra de macrodrenagem parada e um plano diretor para o setor que, embora exista há mais de 10 anos, não tem sido seguido: esses são pontos listados por especialistas como a causa dos alagamentos registrados na capital potiguar desde o último fim de semana.

Nos cinco primeiros dias de julho, a capital conhecida como ‘Cidade do Sol’ registrou um volume de chuvas 38% maior que o esperado para todo o mês. Como resultado, 12 lagoas de captação de água das chuvas transbordaram. No caso da lagoa da Avenida Ayrton Senna, a Secretaria de Obras de Infraestrutura conta com a ajuda do sol para resolver o problema.

Os alagamentos afetaram 1.800 moradores da capital e deixaram 21 pessoas desabrigadas e 75 desalojadas na capital potiguar, até a quarta-feira (6).

O prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), diz que não tem como resolver de vez os alagamentos da cidade.

“Nós estamos dando entrada no Ministério de Desenvolvimento Regional, junto com a Defesa Civil, num projeto mais amplo de drenagem, para que possamos tentar prevenir que outras situações como essas que acontecem atualmente voltem a se repetir de forma tão intensa. Vamos continuar tendo alagamentos na cidade de Natal. É um problema secular que existe em nossa cidade”, disse o prefeito.

O sistema de drenagem de Natal é formado por estações elevatórias, dutos e córregos, redes de tratamento e um conjunto de lagoas de captação para receber e drenar águas de chuva.

O engenheiro Sérgio Pinheiro é diretor da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, autor de livros sobre o tema, e participou da elaboração do Plano Diretor de Drenagem da capital potiguar. O sanitarista explicou que alguns dos sistemas de drenagem, da década de 1960, são galerias subterrâneas na avenida Afonso Pena, que captam águas de regiões como Tirol, Petrópolis, Cidade Alta e Ribeira.

“Em alguns casos, como na Rua Mipibu, no bairro do Tirol, na avenida Prudente de Morais, são sistemas antigos que precisam ser recuperados, ou serem implantadas novas estruturas, como prevê o plano diretor de drenagem”, afirmou.

O Plano Diretor de Drenagem de Natal, publicado em 2011, listou a rede de drenagem da capital potiguar e apresenta melhorias a serem realizadas. Um exemplo é o “Projeto Cura”, da década de 1980, que é formado por uma grande galeria embaixo da avenida Antônio Basílio, que precisa ser recuperada.

Também precisa de recuperação, segundo o engenheiro, o sistema do Canal do Baldo, formado por uma tubulação que passa pelas avenidas Jaguarari e Alexandrino de Alencar e deságua no Rio Potengi, na comunidade Paço da Pátria – um sistema pensado para a Natal da década de 1990.

As galerias construídas na década de 1980 bombeiam águas de lagoas de captação que desaguam no bairro das Quintas, na Rua Rio das Lavadeiras. Já o canal do Baldo apresenta problemas porque está subdimensionado, de acordo com o engenheiro.

“Esse sistema já está com problemas de corrosão e precisa ser ou substituído ou recuperado, porque causa problemas quando você tem uma vazão maior percorrendo aquele trecho. Na parte mais baixa, aquele canal não tem mais fundo, só tem as paredes laterais. É preciso uma reconstrução do canal do baldo”, considerou.

O Conselho Regional de Engenharia do Rio Grande do Norte (Crea) também avalia que os problemas de drenagem de Natal resultam da falta de manutenção do sistema.

Para a presidente do conselho, Ana Adalgisa Dias, o crescimento da cidade e a falta de novos investimentos traz problemas como alagamentos, quando chove acima da média.

“A engenharia tem solução e tem o norte que é o plano diretor. O que nós precisamos é que o poder público faça as licitações e priorize as obras de drenagem, porque estamos vivendo esse dilema há muitos anos. E todos os anos, quando tem chuva, nós lembramos que existe drenagem, mas precisamos lembrar ao longo de todo o ano”.

A presidente do Crea diz que a população também pode ajudar não obstruindo bueiros, nem fazendo ligações clandestinas de esgoto, por exemplo. Já o poder público deve resolver a burocracia.

A maior obra de drenagem inacabada na cidade é a do túnel de macrodrenagem da Arena das Dunas, que começou a ser construído em 2013. O orçamento é de R$ 146 milhões, sendo que R$ 129 milhões já foram investidos.

A obra deveria ficar pronta para a Copa do Mundo de 2014, mas na metade de 2022 está 70% concluída. Os trabalhos estão parados desde 2021.

Quando for finalizada, deverá resolver alagamentos e enchentes em pelo menos seis bairros das Zona Sul e Oeste da cidade. Ao longo de quase 5 quilômetros, o túnel passa por baixo das avenidas São José, Jerônimo Câmara e outras partes da Zona Oeste. A ideia é que a água escoe da região da Arena das Dunas em direção ao Rio Potengi.

“Você pega a própria Avenida Jerônimo Câmara e parece uma zona de guerra. Tiraram os tapumes, a parte de asfalto praticamente inexiste, tem um grande canteiro no centro que é exatamente onde passa o túnel de drenagem, que não está concluído, não está ligando nada a coisa alguma, e tem uma via que está simplesmente destruída”, diz Ana Adalgisa.

“Essa é uma obra que todos nós natalenses temos que lutar para que ela seja concluída o mais rápido possível”, complementa Sérgio Pinheiro.

Segundo a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrurura, as obras do túnel de macrodrenagem da Arena das Dunas e as obras de recuperação da avenida Jerônimo Câmara devem ser retomadas até o fim de julho.

Por G1-RN

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