Os profissionais de saúde que encaram de perto a pandemia de Covid-19 estão exaustos e frustrados ao verem que 36,6% dos pacientes internados na UTI com a doença no Brasil (cerca de um em cada três) morrem –número que chega a 52,9% na rede pública. Quem afirma é Ederlon Rezende, porta-voz da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib, que levantou os dados), em entrevista à CNN nesta sexta-feira (2).
“Quando você tem um cenário catastrófico como o atual, com o sistema colapsado, todos trabalhando além do limite e observando resultados diferentes de outros momentos da pandemia, é muito frustrante. Nos últimos dois meses, principalmente, os resultados são bem piores. Temos agora as UTIs lotadas, todos trabalhando no seu limite”, explica.
Tudo isso esgota quem está na linha de frente, disse. “Numa pandemia que dura mais de um ano, isso tudo gera uma pressão, um estresse físico e emocional muito grande, todo mundo fica muito desgastado”.
Assim como outros especialistas, ele fala sobre a mudança no perfil dos internados. “Muitos jovens, sem comorbidades, que chegam à UTI muito mais graves, precisando de muito mais suporte: mais necessidade de ventilação mecânica, diálise e ecmo, que é um pulmão e um coração artificial. Como o organismo é mais resistente, demoram mais na UTI para se recuperar. Isso tem contribuído para manter as UTIs mais lotadas”.
Rezende ressalta a importância de o país ter um sistema público que funciona. “O Brasil teve um aumento de número de leitos de UTI que nenhum país acompanhou. Temos que dar graças a Deus que temos o Sistema Único de Saúde (SUS) eficiente, mas atingimos um limite disso. Agora é importante atuar na redução do numero de casos, pois não temos mais capacidade de aumentar o número de leitos.”
Por CNN