A história conta que em grandes crises mundiais, o dinheiro muda de mão. A pandemia vem redesenhando o mercado, sacramentando o fim de muitas empresas e firmando o nascimento de tantas outras.
No caso específico da TV, o movimento de cortar custos já vem acontecendo desde o advento da internet, com a ascensão das redes sociais e depois, com o surgimento dos canais de streaming.
Mas a pandemia, que acelerou a digitalização no mundo, em contrapartida, fez com que as emissoras de televisão no Brasil repensassem de vez seus altos salários. O resultado veio com os inúmeros cortes.
Saída de Faustão: economia milionária
Globo e SBT, principalmente, estão em meio a grandes reformulações. Por coincidência, Fausto Silva, dono do maior salário da TV brasileira, cerca de R$ 5 milhões por mês, sai da Globo no fim deste ano.
Já Galvão Bueno, segundo maior salário da Rede Globo, ainda permanece na emissora porque, segundo fontes, não foi encontrado nenhum substituto à altura que possa receber um salário bem mais modesto.
Fim dos salários vitalícios
Desde o ano passado, a Globo vem promovendo uma grande reestruturação. Artistas que tinham contratos fixos recebiam mesmo estando parados, sem atuar em nenhuma produção. Muitos desses atores/atrizes ganhavam em torno de R$ 30 mil, de acordo com fontes da coluna. Já atores com mais tempo de casa ganhavam cerca de R$ 80 mil. Sem contar os que tinham salários acima de R$ 100 mil, esses com mais de 20 anos de carreira.
Agora, quase toda grade de artista tem contrato por obra. Se está fora do ar, não ganha. Com exceção de nomes como Susana Vieira, Tony Ramos, Cauã Reymond e outros mais, que mantêm contratos especiais.
E os “luxos” também foram cortados, principalmente em viagens. Elas praticamente não existem mais. Todos os salários dos atores foram revistos e adaptados à nova realidade.
O dinheiro “excessivo” migrou das TVs e pulverizou no digital. Prova disso são as agências que viviam de anúncios na TV e agora estão sumindo do mercado, dando lugar a agências menores, que trabalham com outras plataformas.
Em recente parceria, a Globo investiu um dinheiro alto no Google, para que seus dados pudessem ser armazenados na “nuvem”.
Todo esse processo de migração para uma empresa mais tecnológica fez também com que os artistas não ficassem esperando apenas o dinheiro cair na conta e se mexessem para criar projetos e novas estratégias para ficar em evidência.
Ticiane Pinheiro e Sabrina Sato são dois exemplos disso: correm por fora com projetos de parcerias que extrapolam as telinhas.
A rede estrangeira CNN, da TV fechada, que chegou prometendo competitividade, também está com o pé no freio quando o assunto é salário alto. Apenas William Waack e Evaristo Costa ganham uma bolada da emissora. Estima-se que o salário deles gire em torno de R$ 300 mil. Todo o restante tem salário menos “extravagante”.
Campanha publicitária como plus
Ratinho e Celso Portiolli, do SBT, e tantos outros apresentadores também precisaram se acostumar com as novas ofertas salariais. Eles ganham um salário fixo e o extra vem com campanhas publicitárias em seus programas e com a participação nos lucros.
Diminuição de verba do Governo Federal
Outro fator que impactou nas emissoras foi a mudança na distribuição de verba feita pelo Governo Federal.
A Globo, por exemplo, que antes de 2019 levava a maior parte da divisão, teve redução considerável. Estima-se que a parte da fatia caiu de 39% para 17% do valor de todo o investimento feito pelo Governo Federal em publicidade na TV aberta.
É fato que todas essas mudanças e desafios enfrentados pelas emissoras nos últimos anos fizeram com que as TVs se conscientizassem em relação aos altos salários, promovendo assim, novas formas de contratação e remuneração. E, consequentemente, diminuindo o abismo salarial entre seus funcionários.
Por Metrópoles