A manutenção da obra parada da usina nuclear de Angra 3, que fica em Angra dos Reis (RJ), tem custo médio estimado em R$ 120 milhões por ano. O montante só considera a manutenção da estrutura e dos equipamentos, sem levar em consideração outros gastos, como com pessoal.
Angra 3 começou a ser construída ainda na década de 1980, mas nunca foi concluída. Ao todo, o Brasil já aportou R$ 12 bilhões na usina.
Desde 2015, as obras estão paralisadas. Em 2022, houve uma tentativa de retomada com uma empresa para, ao menos, fazer parte do fechamento da cúpula da usina, mas a companhia não tinha experiência suficiente com obra nuclear e o contrato precisou ser rescindido. Atualmente, 66% das obras estão concluídas.
O que acontece com Angra 3?
- Iniciada em 1981, a construção de Angra 3 teve algumas paralisações. As obras pararam de vez em 2015 e, desde então, não houve avanço significativo.
- Entre os motivos da paralisação, estão os altos custos da obra e também os escândalos de corrupção nos contratos do passado.
- Para não perder os 66% de obras já concluídas, é necessário fazer a manutenção periódica de tudo, incluindo equipamentos já comprados e que ficam em galpões ao redor da usina.
- Um levantamento do BNDES apontou que, para concluir a obra, serão necessários R$ 23 bilhões. Se o governo desistir, o custo de arcar com tudo será de R$ 21 bilhões.
- Em dezembro, o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) adiou a decisão sobre a retomada da obra. A discussão para definir o futuro de Angra 3 deve ser retomada em um novo encontro ainda neste mês.
- Se for retomada, a previsão é que a obra termine em 2031.
O Metrópoles teve acesso ao interior da usina nuclear Angra 3 e conferiu como está a situação das obras. Confira abaixo as imagens:
O CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) é quem define se a obra será retomada ou não. Uma reunião foi feita em dezembro sobre o futuro de Angra 3, mas a decisão sobre o que será feito foi adiada por um pedido de vista dentro do conselho. Agora, a expectativa é que um novo encontro seja realizado na última semana de janeiro.
Ao longo do tempo, alguns estudos foram apresentados. Um levantamento do BNDES apontou que o custo de desistir é quase o mesmo do que continuar a obra. Será necessário gastar R$ 21 bilhões em caso de desistência, enquanto que, para concluir a obra, o montante necessário é de R$ 23 bilhões.
Nesta semana, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou um posicionamentos favorável à continuação das obras de Angra 3. A reunião extraordinária para discutir o futuro de Angra 3 precisa ser convocada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que é quem preside o CNPE. Ao Metrópoles a assessoria do ministro disse que a data ainda não está definida.
Se retomadas, obras podem ser concluídas em 2031
O superintendente de Angra 3, Luciano Calixto, disse que é frustrante ver a obra parada e que, caso o CNPE decida pela liberação da retomada da construção, a usina deve ficar pronta no final de 2031.
“Hoje é uma frustração não ter a obra concluída. A conclusão tem previsão de ser em 66 meses [a partir do momento que for retomada]”, disse Calixto.
Angra 1 e Angra 2, que já estão em operação há várias anos, produzem energia para o equivalente ao consumo de 40% da população do estado do Rio de Janeiro. Com a conclusão de Angra 3, essa porcentagem sobe para o equivalente a 70% do estado.
Por Metrópoles