A cabeleireria catarinense Angélica Hodecker foi pioneira em uma cirurgia inédita no Brasil. A mulher descobriu um câncer de colo de útero. Por conta do tratamento, além da radioterapia e quimioterapia, o sonho de ser mãe iria ruir. Contudo, ela descobriu uma técnica nova que transfere os órgãos reprodutivos (útero, trompas e ovários) de lugar e preserva o corpo do útero, além de fazer uma linfadectomia (retirada dos gânglios da pelve).
A técnica é bastante promissora, mas ainda está em fase experimental. Foi desenvolvida em 2015 pelo cirurgião oncológico Reitan Ribeiro, de Curitiba. A cirurgia consiste em transferir os órgãos reprodutivos (útero, trompas e ovários) de lugar, reposicionado-os na parte de cima do abdômen da mulher, entre o fígado e o umbigo.
A principal ideia dessa técnica é manter os órgãos longe dos efeitos da radiação durante o tratamento contra o câncer. Ou seja, o sistema não se prejudicaria com os efeitos da quimioterapia e radioterapia. Depois do término dos ciclos de quimio e radioterapia, uma nova cirurgia recolocaria os órgãos em sua posição original.
A cirurgia foi um sucesso. Angélica falou, em entrevista a Agência Einstein, que decidiu tentar pelo ineditismo do procedimento. “Eu não tinha nenhum comparativo, não tinha ninguém para me dizer se daria certo ou não. Havia um caso de sucesso, que resultou em gravidez, mas era um lipossarcoma (câncer raro, nas células de gordura). Eu e meu marido pensamos muito, mas o não (não conseguir engravidar) a gente já tinha. Uma única sessão de radioterapia pélvica afetaria minha fertilidade, então decidimos tentar”, contou a cabeleireira.
No entanto, nem todas as mulheres com câncer ginecológico são elegíveis para a cirurgia. O método é indicado apenas para aquelas que têm potencial de engravidar posteriormente.
Após a cirurgia que recolocou os órgãos, Angélica fez um acompanhamento de remissão do câncer a cada três meses, o qual são exames para certificar se o câncer estava eliminado. Depois desse processo, ela conseguiu engravidar de maneira natural junto com seu marido. O médico aconselhou até a possibilidade de uma fertilização in vitro (FIV), mas não precisou.
No final tudo ocorreu bem. O casal teve uma filha chamada de Isabel, o qual nasceu no dia 24 de dezembro de 2022.
Por Tribuna do Norte