O acaso teve papel importante na história da dentista Bárbara Leal, 27, e do profissional de TI Marlon Martins, 25. Por motivos diferentes, eles se encontraram —sem se conhecer— no pronto-socorro de um hospital de Tubarão (SC).
Ela gostou do que viu, ele também. Ela deu um jeito de achar o Instagram dele, ele puxou papo. Pouco mais de cinco anos depois, eles estão noivos.
“Era 2019 e eu estava em casa, me preparando para uma prova. Morava em Tubarão (SC) para estudar e, à noite, decidi fazer uma pipoca de chocolate. Enquanto mexia na panela, peguei o celular. Meu cotovelo bateu no cabo e a fez cair.
Voou chocolate por toda a cozinha e na minha perna. Quando me dei conta, peguei um pano e tentei me limpar, mas a pele saiu na hora. Fui para o chuveiro e fiquei uma hora na água gelada —era junho e estava frio em Santa Catarina.
Como a queimadura estava feia, pedi um carro de aplicativo e fui para o hospital. Fiquei esperando na emergência na ala de atendimento público, não tinha plano de saúde.
Enquanto isso, o Marlon [que ela não conhecia, na época] ia sair com uns amigos para comer um lanche.
O amigo que ia buscá-lo em casa esqueceu, e ele pegou a moto dele para ir. No caminho, um carro entrou na frente e apertou a mão dele no retrovisor.
Ele voltou para casa e o irmão o levou ao hospital. O Marlon tinha plano de saúde e foi para uma ala específica. Mas, como o caso dele era um acidente, o encaminharam para o setor de emergências em que eu estava —onde o atendimento seria mais rápido.
‘Ficamos um de frente para o outro’
Na emergência deste hospital, são várias macas em uma mesma sala. Tinham quatro pessoas: dois idosos ao meu lado, eu e ele —na maca da frente. Ficamos de frente um para o outro o tempo todo.
Tirei uma foto dele e postei nos close friends [grupo restrito no Instagram] para ver se alguém o conhecia, já que poderíamos ter a mesma idade. Foi um tiro no escuro. Na época, eu tinha 22 anos e ele, 20.
Tentei escutar o nome dele, mas entendi ‘Manoel Martins’. Eu nunca iria achá-lo se dependesse disso, porque eu ouvi o nome errado e ele não costuma usar esse sobrenome.
Uma amiga minha da cidade de Braço do Norte [em Santa Catarina, a cerca de 36 km de Tubarão] viu os meus stories e disse que conhecia ele da época do colégio, mas era bem mais nova. Ela me passou as redes sociais dele.
Eu o segui e fui atrás de descobrir quem ele era. Soube que ele estava servindo ao Exército, tinha saído naquele ano.
Depois, fiquei sabendo que ele até comentou sobre mim para os amigos dele. E, quando ele viu que eu o tinha seguido, deu print na tela e mandou para todo mundo desacreditando que eu tinha achado ele e tinha achado legal.
‘Mandei foto da perna queimada; ele mandou da mão luxada’
Ele me chamou, perguntando como estava a minha perna. Conversamos sobre como fomos parar no hospital, eu mandei foto da perna queimada e ele, da mão luxada. Nos conhecemos em junho, saímos em julho e começamos a ficar mais sério em agosto.
O pedido com buquê de flores veio em 9 de outubro daquele ano. Ele me pediu em casamento uns dias depois de completarmos cinco anos juntos.
Se a gente não tivesse se conhecido, provavelmente eu estaria morando na minha cidade natal, Orleans (SC), onde minha família está, e o Marlon teria ido para fora do Brasil. O amigo dele que o ‘esqueceu’ naquele dia mora em Portugal —talvez ele também fosse para lá.
Hoje em dia eu tenho meu próprio consultório e ele é programador na empresa em que trabalha.
Agora estamos na fase de início de carreira, tem um ano que montei meu consultório. Mas planejamos nos casar em uma cerimônia bem simples, no ano que vem, e talvez com uma super festa daqui uns anos.”
Por UOL