Os dois criminosos que fugiram de um presídio federal no Rio Grande do Norte na manhã desta quarta-feira (14) já tentaram escapar juntos, em 2013, do Complexo Penitenciário Francisco de Oliveira Conde, no Acre, apontam documentos sigilosos do sistema prisional do Acre, obtidos pela GloboNews.
Com pedaços das grades e alguns lençóis, eles improvisaram uma escada para tentar fugir pelo teto. A fuga foi frustrada por agentes que notaram a movimentação nas celas. Nos documentos, é possível ver o buraco feito nas grades das celas pelos criminosos.
Deibson Cabral e Rogério da Silva já tentaram fugir pelo teto do presídio de Rio Branco em 2013 — Foto: Reprodução/GloboNews
Grades foram cerradas por Deibson e Rogério para improvisar escada e fugir pelo teto do presídio de Rio Branco em 2013 — Foto: Reprodução/GloboNews
Histórico de Rogério
Rogério da Silva Mendonça, conhecido como “Querubin”, passou por todos os presídios do Acre e foi transferido todas as vezes por mau comportamento e tentativas de fuga.
Em 2015, a Unidade Penitenciária Evaristo de Moraes, em Sena Madureira, no interior do Acre, pediu a transferência do preso para um presídio federal. Ele foi mandado para o Presídio Federal de Catanduvas por 360 dias.
Rogério da Silva Mendonça fugiu da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) e tem extenso histórico criminal no Acre — Foto: Arquivo/Iapen-AC
Segundo documento, Rogério já possuia histórico de violência contra agentes penitenciários. Naquele momento, ele já era classificado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) como de “altíssima periculosidade”.
“O reeducando já passou por todas as unidades penitenciárias acreanas, sempre tentando fugir, causando tumulto e praticando faltas graves, como porte de arma branca e ameaça de morte aos agentes públicos”, escreveu o juiz Fábio Alexandre Costa de Farias em sua sentença, determinando a transferência de Rogério para um presídio federal.
Em um episódio citado no documento, o criminoso ameaçou de morte alguns agentes ao fazer questionamento sobre falta de água.
Na época, Rogério era ligado às facções PCC e Bonde dos 13, um grupo local do Acre, aliadas no estado. Atualmente, ele é ligado ao Comando Vermelho, facção carioca.
Em outro presídio, em Cruzeiro do Sul, ele havia tentado fugir por três vezes e também mantinha um estoque de facas.
Histórico de Deibson
Assim como Rogério, Deibson, conhecido como “Tatu” ou “Deisinho”, também possui histórico de violência. Em uma de suas prisões, por exemplo, resistiu e tentou matar dois policiais quando eles cumpriam um mandado de prisão contra o criminoso, por homicídio.
Deibson chegou a escapar da prisão em 2014, após agredir um agente penitenciário na viatura enquanto estava retornando de um atendimento médico, mas voltou a ser preso um ano depois, em 2015.
“Deibson é considerado de alta periculosidade, em virtude do seu comportamento carcerário indisciplinado, por empreender e tentado empreender fugas. Além de ser um dos maiores ladrões do Acre, que comanda o tráfico de drogas nos bairros Caladinho e Montanhês”, diz o relatório sigiloso do sistema prisional acreano.
Deibson Cabral Nascimento é um dos fugitivos do presídio federal de Mossoró — Foto: Arquivo/Iapen-AC
Ao g1, a assessoria de imprensa do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC) ressaltou que os detentos estavam sob responsabilidade da unidade federal, e que todas as informações sobre os dois fugitivos já estavam à disposição por meio da ficha deles.
Esta é a primeira fuga registrada na história do sistema penitenciário federal, que conta com cinco presídios de segurança máxima. A recaptura dos presos é a prioridade das forças de segurança nacionais e estaduais do Rio Grande do Norte, segundo o secretário nacional de Políticas Penais, André de Albuquerque Garcia.
“Primeira iniciativa e o propósito da minha vinda é adotar todas as medidas necessárias para que um evento como esse se encerre rapidamente com a recaptura dos dois foragidos”, afirmou.
De acordo com o Iapen-AC, os dois detentos somam 155 anos de condenação.
Transferência de presos
Ao todo, 14 presos envolvidos na rebelião que ocorreu no presídio de segurança máxima Antônio Amaro, em julho deste ano, foram transferidos do Acre em uma operação das forças de segurança em setembro de 2023. Um avião da Polícia Federal chegou na capital acreana no dia 26 de setembro para fazer o transporte dos detentos, que devem ser levados a Brasília, onde a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senapen) decidiria para qual presídio federal seriam levados.