Nome mais cotado para assumir o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general Marcos Antonio Amaro dos Santos relatou em conversa recente que enxerga uma falha generalizada nos ataques golpistas executados em Brasília no dia 8 de janeiro.
A um interlocutor, o general Amaro, como é conhecido, afirmou que os ataques indicam uma falha do sistema de segurança “de forma abrangente”. No dia 8 de janeiro, Brasília acabou tomada por hordas de criminosos que defendiam uma ruptura institucional. Os golpistas invadiram e depredaram o Supremo Tribunal Federal, o Congresso e o Palácio do Planalto.
Amaro não falou publicamente sobre o que faria se assumisse o GSI, mas nessa conversa reservada comentou que o órgão não é o único a precisar de mudanças. Para esse mesmo interlocutor, o general disse que o sistema de segurança precisa passar de forma abrangente por uma revisão, o que não envolveria só os militares do gabinete presidencial.
Ao comentar reservadamente a saída do general Gonçalves Dias da chefia do órgão, Amaro disse acreditar que o antigo ministro do GSI não deve ter recebido “informações adequadas e de forma oportuna”.
Antes de viajar para a Europa na semana passada, Lula teve uma rápida conversa com Amaro no Palácio do Planalto. Eles devem se falar novamente ainda nesta semana, quando Lula deve bater o martelo sobre o futuro do órgão. O presidente retorna da Espanha na noite desta quarta-feira, 26.
Se virar o novo chefe do GSI, essa não será a primeira experiência de Amaro à frente da segurança presidencial. O general foi o chefe do gabinete militar da ex-presidente Dilma Rousseff, depois que ela extinguiu o GSI. Antes disso, foi também o responsável pela segurança de Dilma no órgão.
No governo Bolsonaro, Amaro foi preterido de virar comandante do Exército. Ele foi cotado ao comando porque era o chefe do Estado-Maior, segundo posto mais alto na hierarquia da instituição, quando estourou a crise em que se demitiram o então ministro da Defesa de Bolsonaro, Fernando Azevedo e Silva, e os três comandantes à época das Forças Armadas.
Lula ainda avalia se vai reformular o GSI ou extinguir o órgão. Depois dos ataques de 8 de janeiro, ele retirou poderes dos militares e transferiu o trabalho de garantir sua “segurança imediata” para a Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata, criada pouco depois do episódio.
Desde então, o GSI continuou responsável por tarefas da segurança e da escolta presidencial, mas o papel mais relevante ficou com o chefe dessa nova secretaria, o delegado Alexsander Castro Oliveira, da Polícia Federal. Ao criar essa nova estrutura, Lula decidiu que esse modelo funcionaria até 30 de junho.
Quando deu uma entrevista à coluna no começo de fevereiro, Amaro desaprovou a divisão de atribuições entre policiais federais e militares na segurança presidencial.
“A dupla reponsabilidade não atende a um dos fundamentos da segurança presidencial, que é a unidade de comando. Não é uma coisa interessante quando você divide a responsabilidade. Dificulta”, afirmou o general da reserva à coluna na época.
No entanto, pela gravidade dos ataques, Amaro afirmou à época que essa medida foi necessária para que Lula retomasse a confiança no GSI.
Por Terra