Pesquisadores do Laboratório de Ecologia e Evolução de Crustáceos (LABEEC/UFRN) realizaram um estudo sobre os camarões Macrobrachium, gênero de água doce cujas espécies são todas chamadas popularmente de pitú por conta de seu tamanho e de suas pinças avantajadas. O trabalho constituiu o maior esforço já feito para acessar a diversidade desses animais no Nordeste, em especial nos rios que pertencem à Caatinga.
Como resultado, a pesquisa gerou um artigo publicado recentemente no periódico científico Zootaxa. Em seu conteúdo, o estudo apresenta registros importantes de camarões presentes nas ecorregiões hidrográficas da Caatinga Nordeste e Drenagens Costeiras (compreendendo todas as bacias continentais e costeiras da região acima do São Francisco e à direita do Parnaíba) e do São Francisco, nas porções média e baixa do rio.
Ao todo, os resultados revelaram a ocorrência de cinco espécies ao longo da área estudada: Macrobrachium acanthurus, M. amazonicum, M. carcinus, M. jelskii e M. olfersii. Dentre essas, algumas foram registradas pela primeira vez em diversas bacias em ambas as ecorregiões contempladas na pesquisa.
Para exemplificar, o biólogo Alex Barbosa de Moraes, primeiro autor do artigo, aponta como um dos pontos altos deste trabalho a confirmação da ocorrência no Rio Grande do Norte de uma espécie bastante popular na região Nordeste. Trata-se do camarão-pitu verdadeiro (M. carcinus), maior camarão de água doce nativo do Brasil, encontrado na lagoa do Jiqui, em Parnamirim, e em um riachinho sem nome, dentro de uma área bem conservada e livre de poluição, no município de Macaíba.
“Apesar de essa espécie ser conhecida e explorada há anos no nosso estado, a literatura científica, até o momento, não mencionava a ocorrência dela aqui, portanto esse registro é extremamente importante para completar a nossa lista de fauna potiguar”, afirma o pesquisador.
De acordo com o autor, a maioria dos dados foi obtida em campanhas realizadas no âmbito do projeto Efetividade das Unidades de Conservação para a ictiofauna e carcinofauna das bacias hidrográficas do Nordeste Médio Oriental e avaliação de possíveis efeitos deletérios da transposição do rio São Francisco para a biota aquática. A proposta é fruto da colaboração entre os laboratórios de Ictiologia e de Carcinologia do Centro de Biociências, contando com a colaboração de outras instituições.