A estátua de Iemanjá instalada na Praia do Meio, na Zona Leste de Natal, amanheceu pintada de preto nesta segunda-feira (28). Segundo a Secretaria de Cultura de Natal, a intervenção não foi feita pelo artista autor da obra, nem teve autorização para ser realizada.
Questionada pelo g1 se o caso era classificado como uma depredação, a assessoria da Secult considerou que ainda não sabia se o ato poderia ser um protesto, por exemplo.
Segundo José Pedro dos Santos, o Pedrinho de Ogum, que faz parte do Grupo Gama RN – uma das organizações que participaram do debate para implantação da estátua – houve divergências entre membros das religiões de matriz africana após a instalação da obra, por causa da cor da pele da Orixá. Algo que poderia ter motivado a ação.
Apesar disso, ele considerou ato como “vandalismo e desrespeito” e defendeu que o autor da pintura seja responsabilizado, “independentemente se é de dentro ou de fora da religião”.
“No candomblé, ela é considerada negra. Na umbanda, ela é considerada branca. Mas aquela estátua tem a ver com a história dos mais velhos, de quem lutou para que ela estivesse ali, e a gente tem que manter o respeito”, explicou.
“Além disso, a pele negra tem um tom que não é exatamente preto, assim como uma pessoa branca não tem uma pele da cor de um tecido branco. Também houve um ato de racismo”, considerou.
A Guarda Municipal informou que o setor de inteligência foi acionado para buscar identificar a autoria do vandalismo e encaminhar o caso às autoridades. A corporação também informou que viaturas vão intensificar o patrulhamento no local.
Pedrinho ressaltou que a prefeitura já anunciou publicamente a instalação de câmeras de segurança na região e espera que as imagens possam ajudar na elucidação do caso. “Se não tiver câmera, como foi anunciado pelo prefeito, o município também precisa ser responsabilizado”, defendeu.
A estátua feita pelo escultor Emanuel Câmara, contém três metros e meio de altura, pesa 4 toneladas e foi instalada na Praia do Meio em 2020, no lugar de outra, que sofreu várias ações de vandalismo e intolerância religiosa.
Segundo o município, a Fundação Capitania das Artes (Funcart) deverá agir na restauração da obra. O autor vai até o local nesta terça-feira (29) para avaliar a situação da estátua e apontar como deverá ser feito o serviço.
Considerada a rainha dos mares e dos oceanos, Iemanjá é uma divindade das religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, mas pessoas de diferentes crenças a cultuam.
Por G1-RN