O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi diagnosticado com lesões cutâneas que indicam um câncer de pele em estágio inicial. Conforme boletim médico emitido pelo Hospital DF Star, onde ele estava internado desde terça-feira (16), o laudo aponta a presença de um carcinoma de células escamosas, o segundo tipo mais comum de câncer de pele.
Apesar do diagnóstico, Bolsonaro recebeu alta hospitalar nesta quarta-feira (17) e continuará em acompanhamento médico domiciliar.
Segundo boletim, ele removeu duas de oito lesões cutâneas identificadas. “O laudo anátomo patológico das lesões cutâneas operadas no domingo mostrou a presença de carcinoma de células escamosas ‘in situ'”, informou o hospital.
O que é carcinoma de células escamosas?
O carcinoma de células escamosas (CEC) é o segundo tipo mais comum de câncer de pele, em torno de 20% dos casos. Ele se desenvolve nas células escamosas da pele, que constituem a maior parte das camadas superiores da pele.
Quando o carcinoma de células é chamado de “in situ”, significa que não houve invasão nas camadas mais profundas da pele, informa o médico Guilherme Holanda, dermatologista e presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Ceará (SBD-CE).
Os primeiros sinais da doença podem surgir como uma mancha rugosa marrom ou avermelhada, podendo aumentar ou causar o aparecimento de uma ferida que não cicatriza.
Qual a gravidade da doença?
O potencial de gravidade da doença está ligado a alguns fatores como a localização, tamanho, velocidade de crescimento, subtipo histológico, grau de diferenciação do tumor, dentre outros.
“O carcinoma de células escamosas tem potencial de invasão regional e a distância (metástase), mas o carcinoma ‘in situ’ normalmente tem um bom prognóstico se tratado corretamente, pois se encontra apenas na camada superficial da pele”, explica o especialista.
O que causa?
A causa mais comum do carcinoma de células escamosas é o excesso de exposição solar. Feridas na pele também são causas importantes do problema, que podem desencadear queimaduras, cicatrizes, úlceras. Partes do corpo previamente expostas a raios X ou a produtos químicos (como os feitos à base de petróleo e arsênio) também podem estar mais suscetíveis.
O carcinoma pode ser desenvolvido a partir de infecções crônicas e inflamações na pele. Além disso, pessoas diagnosticadas com HIV e outras doenças imunodeficientes têm maior risco de desenvolver o câncer de pele.
Pessoas com pele clara são mais suscetíveis ao carcinoma de células escamosas do que pessoas com pele escura. Com frequência, a pele nessas regiões apresenta sinais de dano solar, como enrugamento, mudanças na pigmentação e perda de elasticidade, conforme artigo da entidade norte-americana Skin Cancer Foundation.
Sintomas do carcinoma de células escamosas
A doença pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol, como orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço, etc.
Conforme Guilherme Holanda, o carcinoma de células escamosas “in situ” normalmente se apresenta como uma mancha ou área da pele elevada e espessa, de cor avermelhada, com uma superfície escamosa ou com crostas.
Entretanto, o CEC pode se apresentar de várias maneiras na pele:
Um nódulo (caroço)
Geralmente firme ao toque, de cor avermelhada ou da cor da pele. Ele tende a crescer rapidamente e pode ter uma área central mais deprimida, que pode ulcerar e sangrar.
Ferida que não cicatriza
A lesão pode se parecer com uma verruga, especialmente em áreas como os lábios, orelhas e genitais. A lesão é geralmente espessa, áspera e pode ter uma superfície irregular.
Tratamento
O especialista explica que é sempre importante entender o estágio da doença e definir o CEC antes de escolher a forma de tratamento, pois ele pode ser classificado em baixo, alto e muito alto risco de recorrência.
Dependendo da classificação, bem como o estágio da doença, existem as seguintes opções de tratamento:
- Cirurgia convencional;
- Cirurgia micrográfica de Mohs;
- Crioterapia (tratamento da lesão por congelamento com nitrogênio líquido);
- Creme Imiquimod (imunomodulador, ou seja, modifica a resposta imunológica, causando uma resposta inflamatória);
- Creme 5-fluoruracila (quimioterápico).
Caso sejam detectados no estágio inicial e removidos rapidamente, os carcinomas de células escamosas causam danos mínimos e quase sempre são curáveis.
Quanto tempo dura a doença e a recuperação?
Segundo o médico Guilherme Holanda, a duração da doença e o tempo de recuperação dependem de diversos fatores, principalmente do estágio em que o câncer foi diagnosticado e do tipo de tratamento utilizado. Não há uma resposta única, pois o processo é individual para cada paciente.
- “Se não for tratada, a lesão pode continuar a crescer e invadir tecidos mais profundos, tornando-se mais difícil de tratar com risco de disseminação regional e metástase.
- A duração da doença e o tempo de recuperação de um carcinoma espinocelular in situ são geralmente mais curtos do que no caso de um CEC invasivo. Isso porque o tumor está restrito à camada superficial da pele e não invadiu as camadas mais profundas”, esclarece o dermatologista.
Quando o carcinoma de células escamosas se torna grave?
O carcinoma de células escamosas geralmente afeta apenas a epiderme, camada mais superficial da pele. No entanto, quanto mais essas lesões crescem, mais extenso se torna o tratamento.
Quando o carcinoma penetra nas camadas internas do tecido cutâneo, a doença pode levar a desfigurações graves e à perda de partes do corpo, como nariz, olhos e orelhas.
A Skin Cancer Foundation esclarece que apenas uma pequena porcentagem – estimada entre 2% e 10% – gera metástases em tecidos e órgãos distantes da área afetada pelo câncer. Quando isso acontece, os carcinomas de células escamosas tornam-se mais graves.
Pacientes que já tenham desenvolvido carcinoma de células escamosas têm maior chance de desenvolver outro tipo tumor, especialmente na área previamente afetada ou ao redor dela.
“Isso geralmente ocorre porque a pele já sofreu danos irreversíveis causados pelo sol. Essas recorrências normalmente ocorrem após dois anos da remoção cirúrgica”, informa o artigo.
Prevenção
Evitar exposição solar
Procure ficar na sombra, especialmente das 10 h às 16 h, quando os raios solares são mais intensos, e evitar bronzeamentos artificiais, banhos de sol e câmaras de ultravioleta.
Usar roupas protetoras
Camisas de manga longa, calças compridas, chapéus de aba larga e óculos de proteção.
Usar filtro solar
FPS 30 ou superior com proteção UVA/UBV de amplo espectro, utilizado diretamente (isto é, reaplicados a cada 2 horas e depois de nadar ou suar); não deve ser utilizado para exposição solar prolongada.
Por Diário do Nordeste











