O avanço da CPI da Pandemia, com sucessivos desgastes para o governo, e a volta do ex-presidente Lula ao cenário eleitoral alteraram os ânimos de partidos do Centrão. Alinhados ao presidente Jair Bolsonaro até o momento, siglas de centro repensam a rota para 2022 e parte expressiva dessas legendas sinaliza nos bastidores com candidatura própria.
É o caso do PSD, de Gilberto Kassab, que compõe a base aliada de Bolsonaro. Depois de um encontro com Lula, ele ampliou a distância de Bolsonaro e passou a pregar uma candidatura da sigla à presidência. Esse reposicionamento político foi um dos temas do episódio desta sexta-feira 14 do podcast Horário de Brasília.
O movimento é alicerçado em dois cálculos. De um lado, pavimentar uma solução para as forças de centro não se atrelarem aos dois nomes que hoje polarizam a disputa: Lula e Bolsonaro. Essa estratégia facilita a adesão ao nome que sair vencedor das urnas, seja ele qual for, sob o argumento de que a sigla não rivalizou com os nomes mais bem posicionados, aderindo a um ou ao outro.
De outro, legendas de centro veem na frente alcançada por Lula em cima de Bolsonaro, na última pesquisa Datafolha, uma janela de oportunidade até pouco tempo imprevista: um caminho para tirar o presidente da República do segundo turno na corrida eleitoral do ano que vem. A estratégia seria crescer atirando em Lula, apresentando-se ao eleitorado como alguém melhor equipado do que Bolsonaro para impedir a eleição do petista.
O caminho carece de algo essencial: um nome capaz de animar o eleitor — e os partidos. Mas está colocado, segundo os presidentes das legendas, pela violência da pandemia, que já ceifou 430 mil vidas, e pela forma como a CPI da Pandemia avança.
A CPI no Senado dedica-se neste momento a expor o que os senadores entendem serem evidências de negligência do governo federal, especialmente na demora para a compra de vacinas e na insistência do presidente Jair Bolsonaro em ignorar técnicos, ancorando-se em um “gabinete de assessoramento paralelo”.
Por CNN Brasil