Em Goiás, empresários que aplicavam “golpes do falso financiamento” montaram manuais com dicas e treinamentos para atender possíveis vítimas do crime. O caso foi revelado pela Polícia Civil de Goiás (PCGO), após a operação Protection, deflagrada nessa terça-feira (14/3).
De acordo com a corporação, o consumidor via um anúncio de venda de veículos na internet, entrava em contato com a empresa e, após promessas dissimuladas que lhe garantiam a aquisição do veículo num curto prazo, o cliente era convencido de forma ardilosa a pagar quantias a título de “entrada” do financiamento.
O golpe
Segundo a polícia, após ser convencido a pagar a “entrada” do financiamento, ao final do prazo de obtenção do crédito e sem sucesso ao adquirir o financiamento, o consumidor entrava em contato novamente com a empresa solicitando o rompimento contratual.
Nesse momento, as vítimas descobriam que, na verdade, assinaram contratos de assessoria/consultoria financeira e tinham a devolução dos valores entregues, negada.
Manuais
Chamados de “dicas para ligação” e “treinamento para ligação”, os golpistas tinham até manuais com a forma de atender as vítimas. “Seja seguro e demonstre segurança. Caso o cliente pergunte algo que você não saiba responder, diga que irá verificar como pode. Prosseguir nessa situação e coloque o telefone no mudo, depois vá perguntar a quem estiver mais próximo de você como responder. Depois retorne a ligação bem calmo e firme, mas, principalmente, bastante seguro de que irá responder”, diz uma das orientações.
Também há orientações sobre o que dizer em perguntas frequentes relacionadas ao golpe. “Mas qual a garantia que eu tenho que realmente vou pegar o veículo? R: O contrato é um contrato recibo, ele garante 100% do nosso serviço e comprova que o senhor está realmente fazendo um financiamento, pois vai descrito o valor que o senhor está pagando”.
Em outro trecho, os golpistas também dizem no manual que é preciso “mente aberta” e pede “criatividade” ao interagir.
Operação
A ação policial cumpriu sete mandados de busca e apreensão em estabelecimentos empresariais e nas residências dos investigados, na capital goiana. Foram apreendidos aparelhos telefônicos, computadores, livros-caixa, cartilhas de treinamento na aplicação dos crimes, contratos e documentos diversos. Foram catalogadas aproximadamente 20 pessoas enganadas, no entanto, a polícia aponta a existência de dezenas de vítimas na região metropolitana de Goiânia.
Os empresários e envolvidos figuram como investigados pela prática de crimes contra as relações de consumo, estelionato, associação criminosa e conexos. As penas, dada a gravidade das condutas, podem ultrapassar 20 anos de prisão. Foi aberto um inquérito para apurar o caso.
Por Metrópoles