Em uma decisão que marca um novo capítulo na política externa brasileira, o governo do Brasil anunciou, nesta sexta-feira (30/5/2025), seu apoio ao programa de enriquecimento nuclear do Irã, contrariando a posição dos Estados Unidos, que têm pressionado por sanções mais duras contra Teerã. A postura brasileira, expressa durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, reacende o debate sobre a soberania energética nuclear e as tensões geopolíticas no Oriente Médio.
Segundo fontes diplomáticas, o Itamaraty defendeu que o Irã tem o direito de desenvolver seu programa nuclear para fins pacíficos, desde que respeite os acordos internacionais supervisionados pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A posição brasileira diverge frontalmente dos Estados Unidos, que acusam o Irã de buscar secretamente desenvolver armas nucleares, uma alegação que Teerã nega veementemente.
Em nota oficial, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil destacou a importância de um “diálogo multilateral” para resolver as tensões e afirmou que sanções unilaterais, como as impostas pelos EUA, “não contribuem para a estabilidade global”. O comunicado também reforçou o compromisso brasileiro com a não proliferação nuclear, mas defendeu que o Irã, como signatário do Tratado de Não Proliferação (TNP), deve ter seus direitos respeitados.
A decisão gerou reações imediatas. Em Washington, o Departamento de Estado classificou a postura brasileira como “preocupante” e prometeu buscar esclarecimentos com Brasília. Já em Teerã, o governo iraniano elogiou a posição do Brasil, considerando-a um “passo em direção à justiça internacional”.
No cenário interno, a medida dividiu opiniões. Especialistas em relações internacionais apontam que a escolha pode fortalecer a posição do Brasil como mediador em questões globais, mas alertam para possíveis impactos nas relações com os EUA, principal parceiro comercial do país. “O Brasil está se reposicionando como uma voz independente, mas isso vem com riscos diplomáticos e econômicos”, avalia Maria Fernanda Albuquerque, professora de geopolítica da Universidade de São Paulo (USP).
A decisão também ocorre em um momento de intensos debates sobre a política energética global, com o Brasil buscando ampliar sua própria capacidade nuclear para atender à crescente demanda por energia limpa. O governo brasileiro reiterou que sua posição não implica apoio a qualquer uso militar da tecnologia nuclear, mas sim a defesa do princípio de soberania energética.
O apoio ao Irã deve ser tema central nas próximas reuniões do G20, onde o Brasil assumirá a presidência em 2025, e pode influenciar as negociações sobre o futuro do acordo nuclear iraniano (JCPOA), abandonado pelos EUA em 2018. Enquanto isso, a comunidade internacional segue atenta às implicações dessa nova postura brasileira no tabuleiro geopolítico global.
Por Metrópoles