O Banco Central (BC) do Brasil vem, desde o ano passado, trabalhando para criar as condições para que o real possa se tornar uma moeda digital no futuro. As moedas digitais oficiais têm propósitos diferentes dos criptoativos, como o bitcoin. Na prática, a ideia é que as primeiras tenham gestão e garantias do Estado, funcionando como uma forma virtual da moeda já emitida pelas autoridades monetárias. O principal exemplo é a CBDC (sigla para ‘Central Bank Digital Currency’) em implantação pela China.
Por sua vez, os criptoativos não são geridos ou garantidos por autoridades monetárias e muitas vezes têm objetivos fortemente especulativos.
No ano passado, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o Brasil poderia ter, em 2022, as condições necessárias para a existência do real digital.
Para avançar na discussão, o BC criou, em 2020, um grupo de trabalho. Campos já relatou, mais de uma vez, que, entre os pontos que vêm sendo debatidos, estão se a moeda terá remuneração e se será rastreável. Outros pontos são se o BC será o único emissor e único custodiante. Em abril, o presidente disse que a autoridade monetária deveria apresentar novidades “em breve” a respeito dessa discussão.
Independentemente de pontos específicos, Campos também já afirmou que a criação dessa moeda seria consequência de um sistema financeiro “digitalizado, instantâneo, interoperável e aberto”.
A criação desse sistema, por sua vez, envolveria uma série de medidas em implantação pelo BC, como o Pix, o open banking, o sandbox regulatório e o projeto de lei que muda o arcabouço cambial, em tramitação no Senado.
Por Valor Econômico