O espirro é um reflexo de defesa poderoso, capaz de expulsar poeira, pólen, fumaça e microrganismos em uma fração de segundos. Esse jato de ar, muito mais intenso do que uma respiração comum, ajuda a limpar as vias respiratórias e evita que partículas nocivas cheguem aos pulmões.
Ainda assim, muitas pessoas têm o hábito de segurar o espirro em público por vergonha ou reflexo, sem imaginar os riscos.
Quando o ar não é liberado pelo nariz e pela boca, a pressão se volta contra estruturas internas, como garganta, ouvido médio e vasos sanguíneos. O resultado pode variar de uma dor momentânea até complicações graves, ainda que raras.
Quando segurar o espirro vira risco real
Especialistas explicam que o esforço de bloquear simultaneamente boca e nariz cria um ambiente fechado, onde a pressão interna aumenta de forma perigosa. Nesse processo, podem ocorrer desde dores de cabeça intensas até rompimento de vasos sanguíneos.
Casos já registrados incluem hemorragias nasais e oculares, deslocamento de cartilagem, perfuração do tímpano e até pneumotórax, quando o ar escapa para o espaço entre pulmão e parede torácica. O ouvido médio é especialmente vulnerável, já que está conectado à garganta pela tuba auditiva.
Além disso, quando o ar não sai, secreções e partículas irritantes podem ser empurradas para locais inadequados, favorecendo inflamações e infecções, como otite.
Quem corre mais riscos
De acordo com o otorrinolaringologista Thiago Zaga, pessoas com rinite ou sinusite sofrem ainda mais ao segurar o espirro, já que suas vias aéreas já estão inflamadas e congestionadas. Nessas situações, a pressão intranasal sobe perigosamente, aumentando as chances de dor, sangramento e complicações auditivas.
Crianças também merecem atenção. O acúmulo de secreção pode migrar para o ouvido médio, levando a perda auditiva temporária. Já em idosos, vasos mais frágeis e tendência à pressão arterial elevada tornam sangramentos oculares e nasais mais comuns.
Portanto, o hábito aparentemente inofensivo pode ser muito mais arriscado do que se imagina.
Espirro: inimigo ou aliado?
Apesar da fama, o espirro nem sempre significa doença. Trata-se de uma reação natural que impede a entrada de partículas nocivas nos pulmões. Permitir que ele aconteça é a forma mais saudável de lidar com a situação.
A recomendação médica é clara: cubra o nariz e a boca com um lenço ou com as mãos e higienize-as logo em seguida para evitar a transmissão de vírus e bactérias.
E, para desfazer um mito persistente, o coração não para durante o espirro. O organismo segue funcionando normalmente, enquanto o reflexo cumpre sua função protetora.
Por BNews Natal