O ex-presidente do Banco Central (BC), Arminio Fraga criticou, em sessão no Senado Federal, o novo arcabouço fiscal e disse que “a aritmética simplesmente não fecha”. Estavam presentes na sessão o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, autor da proposta, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, além do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
“A aritmética não fecha, gente. Infelizmente, não é suficiente zerar o primário, porque zerando o primário significa que nós vamos estar tomando dinheiro emprestado para pagar o juro direto, e o juro é esse que a gente conhece. Então é fundamental caminhar na direção de um saldo primário maior. A aritmética simplesmente não fecha. Outros detalhes podem e devem ser discutidos, mas esse eu creio que é o mais básico”, disse Fraga.
Uma das metas do governo com a nova regra fiscal é zerar o déficit primário no próximo ano. “O segundo ponto no que diz respeito à regra fiscal, que eu gostaria de comentar aqui rapidamente, é a ênfase no lado da receita. Tudo bem, mas até aonde isso vai? Acho que a sociedade já sentiu que não vai dar para ir muito mais longe e falta espaço. Na verdade, olhe só, eu vejo assim esses espaços, tá?”, comentou o ex-presidente do BC.
Fraga apontou, ainda, o risco de “desembocar num grande fiasco” na economia. “Se o ano passado foi o ano da democracia, eu acredito que este é o ano da economia. E eu digo isso porque, na minha avaliação, do jeito que as coisas andam, não apenas na macroeconomia, mas também na microeconomia, nós estamos arriscados a desembocar num grande fiasco”, ressaltou.
Ele, apesar das críticas, elogiou ações da equipe econômica do governo. “Eu vejo com bons olhos o que está acontecendo hoje, estão aqui os dois ministros da área econômico-fiscal, que vem fazendo um trabalho corajoso, inclusive contradizendo opiniões políticas fortes que têm sido externadas, até de uma certa revolta contra a responsabilidade fiscal. Eu os parabenizo pela coragem, que vai ser recompensada”, disse.
Por Valor Econômico