A tragédia que tirou a vida de duas jovens profissionais da saúde nessa quarta-feira (25), na RN-177, nas proximidades do cemitério da cidade de Encanto, no Alto Oeste potiguar, expõe de forma brutal a combinação letal entre a omissão do poder público e a negligência de criadores de animais. Thais Emanuelle Silva Santiago, nutricionista, e Sara Thainá Aires Mota, fisioterapeuta, seguiam de moto para o trabalho em Dr. Severiano quando colidiram com um cavalo solto na pista.
Sara morreu na hora. Thais foi socorrida ao Hospital Regional de Pau dos Ferros, mas não resistiu aos ferimentos. Ambas eram naturais de Pau dos Ferros, reconhecidas por sua dedicação à saúde pública da região e queridas em suas comunidades. Agora, suas mortes se somam à longa e evitável lista de vítimas de acidentes causados por animais nas estradas.
O drama não é novo. Em rodovias estaduais e federais que cruzam o Rio Grande do Norte é comum encontrar animais — cavalos, jumentos, bois — perambulando livremente, especialmente em trechos que ligam municípios do interior. A fiscalização é ineficiente ou inexistente, e os criadores, em muitos casos, sequer são identificados ou responsabilizados. A ausência de políticas preventivas, cercas de contenção, sinalização adequada e ações efetivas de recolhimento escancara o abandono do Estado diante de uma tragédia anunciada.
O resultado são vidas interrompidas, famílias devastadas, e uma população que segue refém do descaso. Quantas mortes mais serão necessárias para que o problema seja tratado com a seriedade que exige? A impunidade, tanto institucional quanto individual, transforma as estradas em armadilhas diárias.
Enquanto o luto recai sobre Pau dos Ferros e região, fica o apelo por justiça, fiscalização rigorosa e, acima de tudo, responsabilização. Que a dor da perda de Thais e Sara sirva como grito de alerta e mobilização para evitar novas tragédias nas vias do RN.
Por BZN
