O médico Alan Carlos de Lima Cavalcante foi morto a tiros na tarde de domingo 16 em frente a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) em Arapiraca, no Agreste de Alagoas. A principal suspeita é a ex-esposa, também médica, que foi presa poucas horas após o crime e apresentou sua versão em entrevista.
Segundo a Polícia Civil de Alagoas (PCAL), Alan Carlos estava dentro do carro quando foi atingido por diversos disparos e morreu no local. Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que a suspeita desce de um veículo, caminha até o carro do médico e atira várias vezes. O delegado Daniel Scaramello, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), afirmou que a análise das filmagens não confirma a alegação de legítima defesa.
“Ao fazer análise das câmeras de vigilância e de outros elementos, constatou-se que não haveria que se falar em legítima defesa, tendo em vista que a autora desembarcou do carro portando arma de fogo e apontando para a vítima”, disse. Ele acrescentou que, após uma breve discussão, a suspeita efetuou diversos disparos, “de forma que impediu ou dificultou a defesa da vítima”.
A médica de 38 anos foi conduzida pela Polícia Militar até a sede da DHPP em Maceió, onde foi interrogada. Ela afirmou que atirou por medo.
“Há mais ou menos um ano e meio atrás, eu fiz uma denúncia sobre o abuso de vulnerável que a minha filha sofreu. Eu fui casada há 22 anos com essa mesma pessoa, desde os meus 15 anos de idade, e quando eu flagrei e a escola percebeu, as funcionárias da casa perceberam, eu vi que a minha filha estava pedindo socorro e tomei coragem de fazer a denúncia”, declarou.
A suspeita relatou que recebeu medida protetiva contra o ex-marido e contra um primo dele.
“Ele ficou me ameaçando com o primo dele, dizendo que o primo é ex-presidiário e que ia me pegar caso ele fosse preso. A polícia me cedeu também a medida protetiva contra o primo dele”, disse.
Ela afirmou que a filha prestou depoimento em oitiva especial e que houve envio de provas, mas que o médico acabou absolvido. “O juiz não viu o link, apesar da minha filha ser ouvida em uma oitiva especial. Mesmo assim ele ficou livre”, declarou.
A médica também relatou que, dias antes do crime, teria visto o primo do ex-marido perto do posto de saúde onde trabalha. “A comunidade me avisou e eu chamei a patrulha Maria da Penha. Quando a patrulha chegou lá, o primo dele apresentou um documento falso e escapou”, disse.
Segundo a suspeita, no momento do homicídio ela seguia para outro compromisso quando encontrou o ex-marido parado próximo à sua casa. “Quando eu fui virar a esquina de casa, eu encontrei, eu avistei o carro dele embaixo de uma árvore, na esquina de casa, junto com a cunhada minha. Eu fiquei com medo de quando eu passasse, ele fosse me matar”, relatou.
“Antes dele me matar, eu atirei nele. Eu não sei quantos tiros foram, eu simplesmente fechei os olhos, olhei na direção onde ele estava, vi que ele fez um movimento brusco e atirei, porque eu fiquei com medo de morrer”, afirmou.
Após os disparos, a médica disse que deixou o local temendo reação de pessoas que estavam próximas.
“Quando a população começou a se aproximar, eu fiquei com medo de ser lixada. Aí eu peguei o carro e vim para Maceió atrás do meu advogado”, afirmou.
Ela disse que foi interceptada pela polícia e colaborou com a abordagem. “Eu sempre fui uma pessoa cumpridora da lei. Infelizmente, eu não pude me calar diante do crime que ele fez com a criança”, completou.
De acordo com o delegado Scaramello, a Polícia Civil lavrou o auto de prisão em flagrante por homicídio. A suspeita passou por exame de corpo de delito e deve ser apresentada em audiência de custódia nesta segunda-feira 17. A motivação ainda é investigada.











