A próxima cúpula do Brics, marcada para os dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, acontecerá sem a presença dos presidentes Xi Jinping (China) e Vladimir Putin (Rússia). A ausência de dois dos cinco membros fundadores do bloco esvazia politicamente o encontro, que terá a participação de representantes dos demais países.
Segundo informações do jornal South China Morning Post, o governo chinês alegou conflito de agenda como justificativa para a ausência de Xi. Em seu lugar, o premiê Li Qiang deve liderar a delegação chinesa, repetindo o que fez na cúpula do G20 na Índia, em 2023.
Fontes ligadas à diplomacia chinesa disseram que a ausência do presidente é justificada pela frequência recente dos encontros com o presidente Lula. Os dois se reuniram duas vezes em menos de um ano: durante a visita de Estado de Lula à China, em maio, e anteriormente na cúpula China-Celac, em Brasília, no fim de 2023.
No caso da Rússia, a ausência de Vladimir Putin tem implicações mais delicadas. Em 2023, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, expediu um mandado de prisão contra o líder russo por suposta participação na deportação ilegal de centenas de crianças ucranianas, considerada crime de guerra.
Como o Brasil é signatário do TPI, estaria formalmente obrigado a prender Putin caso ele pisasse em território nacional. Em nota oficial, o Kremlin informou nesta quarta-feira (25) que o presidente russo não virá ao Brasil por falta de uma posição clara do governo Lula sobre o cumprimento do mandado internacional.
O conselheiro de política externa do governo russo, Yuri Ushakov, disse que a decisão de Putin foi tomada com base na incerteza diplomática. “O Brasil não conseguiu se posicionar de forma clara quanto ao cumprimento da ordem do TPI”, afirmou.
O presidente russo participará remotamente da cúpula e enviará ao Brasil o chanceler Sergey Lavrov, que representará oficialmente Moscou no evento.
Brics amplia número de membros
O Brics é atualmente composto por 11 países-membros: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Desde 2024, o bloco passou por uma expansão estratégica, que incluiu ainda a criação da categoria de “países parceiros”, já reconhecida oficialmente na 16ª cúpula do grupo, realizada em Kazan (Rússia), em outubro do ano passado.
Essa nova categoria reúne dez países observadores: Vietnã, Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão. A ampliação é parte de um esforço para reforçar a influência geopolítica do grupo e criar alternativas ao sistema financeiro global dominado pelo Ocidente.
Por Conexão Política