Desde 2019, a retomada da produção de petróleo no Rio Grande do Norte, impulsionada pelo processo de privatização de campos maduros, tem gerado reflexos significativos na economia, especialmente na região de Mossoró, principal polo petrolífero do estado. O impacto é evidente na geração de empregos e no aumento da arrecadação fiscal. Um exemplo é o crescimento da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) em Mossoró, que passou de R$ 227,6 milhões em 2019 para R$ 389,4 milhões em 2023.
Dados analisados pelo Instituto Fecomércio RN (IFC) apontam que a produção diária em terra no estado saltou de 14 mil barris por dia, no final da década de 2010, para 42 mil barris por dia em 2023. Embora ainda distante do pico de quase 100 mil barris por dia registrado nos anos 1990, o aumento representa um novo ciclo de expansão no setor.
A reativação teve início em 2019, quando a PetroReconcavo começou a operar o polo explorado por sua subsidiária Potiguar E&P, localizado a cerca de 50 km de Mossoró. Atualmente, a companhia administra 55 concessões de petróleo e gás natural nas bacias Potiguar, Recôncavo e Sergipe-Alagoas, além de oito blocos exploratórios e participação em duas concessões operadas por terceiros.
Em 2020, a Petrobras intensificou a venda de campos terrestres maduros, iniciando um amplo processo de desinvestimento no estado. O Polo Potiguar foi transferido à 3R Petroleum, que posteriormente adotou o nome Brava Energia, em uma transação avaliada em US$ 1,2 bilhão. Desde junho de 2023, a 3R passou a operar toda a infraestrutura de óleo e gás, incluindo o Ativo Industrial de Guamaré, a refinaria Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré.
Com o aumento da produção, as exportações também cresceram expressivamente. Entre 2020 e 2024, houve um incremento de 506,9% nas exportações de petróleo bruto, que passaram de US$ 59,5 milhões em 2020 para US$ 361,1 milhões até outubro de 2024. Essa expansão tem fomentado a economia local, com destaque para os setores de Comércio e Serviços.
Marcelo Queiroz, presidente da Fecomércio RN, destaca os efeitos positivos dessa dinâmica. “O Comércio e os Serviços em Mossoró são exemplos claros disso, com geração de empregos e aumento na arrecadação de impostos. Essa dinâmica reforça o papel estratégico do setor de Óleo e Gás no desenvolvimento econômico do estado”, afirmou.
Os números refletem essa evolução. Até setembro de 2024, o setor de Comércio gerou 677 novos empregos formais, enquanto o de Serviços abriu 3.749 postos de trabalho, mais que o dobro registrado no mesmo período de 2021. Segundo Michelson Frota, vice-presidente da Fecomércio RN e presidente do Sindilojas Mossoró, as perspectivas são ainda mais promissoras. “Os investimentos previstos para os próximos anos devem consolidar esse crescimento e gerar novas oportunidades”, afirmou.
Projeções indicam que quase US$ 1 bilhão serão investidos no setor de óleo e gás até 2028. Esses recursos deverão criar cerca de 20 mil novos empregos diretos e indiretos, além de injetar aproximadamente R$ 6 bilhões na economia potiguar. A Fecomércio RN avalia que os impactos irão além dos polos produtivos onshore e offshore, beneficiando setores como turismo, comércio e serviços em todo o estado.
O Rio Grande do Norte também tem se destacado pelo aumento de 56% na produtividade média dos poços e pela exploração de novas áreas, como a Margem Equatorial. Essa combinação de avanços tecnológicos, investimentos robustos e impacto social projeta o estado como referência na integração entre a indústria extrativa e o desenvolvimento regional sustentável.