Já ouviu falar em seca-relâmpago? É uma estiagem que se forma mais rapidamente que uma convencional, que pode levar meses ou até anos para se manifestar plenamente. Está sempre ligada a eventos extremos como um calor acima do normal. Mas quando vem pode ser arrasadora, por ser inesperada e mais intensa. Mapeamento feito pelo Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis) mostra piora na seca do Nordeste. Nos últimos 30 dias, não choveu em todos os estados, com exceção da Bahia, enquanto em quase todo o resto do país o sistema de precipitação está regular.
Desde setembro, um bloqueio atmosférico estacionado no Nordeste impede a a entrada de correntes e consequentemente mudança no clima. Além de ser mais intensa, a seca-relâmpago é difícil de se prever pelos modelos meteorológicos convencionais. O avanço da Inteligência Artificial (IA) somadas aos dados de satélites permite desenvolver modelos de aprendizagem automática (deep learning), baseada em séries históricas.
O Lapis desenvolveu um modelo computacional para detectar o fenômeno, que ainda está em teste. A seca-relâmpago é um novo tipo de seca, derivada das mudanças climáticas. Antever o fenômeno é fundamental, uma vez que consegue arrasar com plantações em curto espaço de tempo. Fundador do Lapis, Humberto Barbosa explica que a seca convencional normalmente causa efeitos que não são visíveis logo no início, ao contrário da relâmpago, que já chega causando.
Por VEJA