A feijoada é um prato tipicamente brasileiro e evidencia parte da diversidade cultural do país. Foi pensando nisso, e descrevendo a iguaria em sua redação, que a jovem Sofia Rosa, 17 anos, conseguiu ser aprovada em 11 universidades nos Estados Unidos.
Segundo a estudante, nascida no Distrito Federal e, a redação é um dos pilares para o processo de candidatura nas faculdades. A adolescente observou que a analogia é um artifício importante para contar sua história e mostrar seus valores.
“Escolhi esse tema por achar que me representa. A combinação de ingredientes, que por muitos anos foram desvalorizados ou deixados de lado, forma algo único e autêntico. Essa analogia representa meu processo de auto aceitação e amor próprio. Por mais que durante os anos eu tenha desprezado características minhas, elas são essenciais para a formação da pessoa que eu sou hoje,” conta a jovem.
A ligação com a culinária vem de família, principalmente da avó. A filosofia da casa é que, enquanto se cozinha, pode-se encontrar meios de criar e superar desafios. E este aprendizado Sofia leva para a vida. Foi essa a lição valiosa que a garota usou para iniciar a vida acadêmica.
Em seu texto, a moradora do Plano Piloto detalha a história do prato, citando o triste período escravocrata do Brasil. A jovem explica que a feijoada era preparada por e para escravizados, somente com o que restava da carne dos porcos servida aos colonizadores.
Sofia faz analogias, do preparo da feijoada com seu crescimento pessoal, como ser humano. “Eu tive de aprender quando parar e a definir limites, exatamente como no preparo da feijoada”.
“Preparar uma feijoada pode ser considerado uma forma de arte. Não apenas por todos os ingredientes misturados, mas, também, pelo processo em si. Você deve saber quando começar e quando terminar o preparo”, detalha a redação.
Cheia de trocadilhos, a jovem diz que percebeu “que deve priorizar o que é mais vital para si mesmo, sem comprometer o verdadeiro sabor da vida”.
Sofia conclui o texto dizendo que segue em construção de si. “Cada pedaço de mim que me faz extraordinária, e estou ansiosa para dizer: ‘A comida está pronta’”, finaliza.
Ao todo, a estudante fez 18 aplicações, mas algumas instituições de ensino ainda não divulgaram o resultado da candidatura. Sofia aguarda a resposta de todas universidades para decidir para qual irá. Apesar disso, o destino provável é a Flórida, onde os pais poderiam visitá-la mais vezes.
“Com a oportunidade de estudar lá fora, muitos portas devem se abrir. O mercado de trabalho internacional é uma opção e também teria um currículo bem forte aqui no Brasil”. Apesar de empolgada pela vida no exterior, Sofia não descarta uma possível volta ao Brasil depois de finalizar o curso. “Mas tudo vai depender das oportunidades de trabalho”, diz.
Por Metrópoles