“Cada vez que tem um problema, eu fico mais exposto na discussão. Cadê a vacina num pacote escrito ‘vacina CoronaVac’? É mortal. Não há Anvisa, nem Bolsonaro, nem bolsominion que resista. Então é importante chegar a vacina. Essa imagem; ela é de uma força, de uma pressão política, institucional, de opinião pública, irresistível. Irresistível. ‘Chegou a vacina. E agora, ministro Pazuello? E agora, Bolsonaro, como fica?’. Agora, sem isso, é o contrário: ‘e agora, governador João Doria? Cadê a vacina? E agora, governador, cadê o insumo da vacina?‘”, diz Doria.
Estas palavras do governador de São Paulo, João Doria, estão na série documental “A Corrida das Vacinas” — do Globoplay —, que mostra os bastidores dos desafios científicos e da guerra política envolvendo os imunizantes contra o coronavírus, e corresponde a um áudio vazado de uma reunião do governo paulista em novembro de 2020.
“Nós decidimos incluir os principais trechos da gravação neste documentário por considerarmos que o diálogo é ilustrativo da dimensão política do combate à pandemia“, afirmam os produtores da série.
Durante as gravações, segundo contam os documentaristas, no dia 6 de novembro do ano passado, enquanto o Brasil e o mundo corria para firmar a compra de vacinas contra a Covid-19, a assessoria do governo de São Paulo autorizou a filmagem de uma reunião sobre a importação dos imunizantes.
Quando a equipe deixou a sala, porém, os dirigentes do governo esqueceram de desconectar o microfone que estava ligado à mesa de som. Com isso, o áudio foi gravado sem que os participantes percebessem.
Em outro trecho do áudio, Doria demonstra irritação sobre a importação das vacinas vindas da China. “Esse negócio está virando uma novela, [são] 30 milhões de dólares. Eu estou me expondo publicamente toda semana“, diz Doria na reunião. Em seguida, Doria bate na mesa e completa: “Eu vou pegar esse chinês pelo pescoço“.
O governador de SP também se queixa da exposição pública: “Ele [empresário chinês] está falando com um cliente de R$ 2,5 bilhões! Só tem um cara que tá se expondo aqui: sou eu. Fundamentalmente, sou eu. Eu tô no primeiro plano dessa história. Publicamente. Ainda sofrendo ataque do Bolsonaro, bolsominion, bolso não sei do quê. Bando de malucos!“, disse Doria a Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, no ano passado, em que cobrou agilidade na entrega da CoronaVac.
Por Yahoo Notícias e G1